segunda-feira, 18 de agosto de 2014

A Marina pós-comoção


No momento em que escrevia mais um artigo de minha coluna, o presidenciável Eduardo Campos era enterrado, configurando um dos maiores cortejos fúnebres da história do Estado de Pernambuco.

Com o fim trágico e precoce do político, inicia-se uma nova disputa eleitoral e agora, Marina terá que deixar o imponderável de lado e portar-se como uma candidata ao cargo de Presidente da República.

As tarefas de Marina não são fáceis. O PSB já exige que a ex-ministra do Meio Ambiente mantenha a plataforma de governo de Eduardo. Além disso, nos estados da Federação em que haja divergências, ela deverá ser maleável para que nenhuma força política abandone o barco quando começar a propaganda eleitoral na televisão e no rádio.

Acredito que Marina aparecerá, nas primeiras pesquisas eleitorais, com uma porcentagem beirando os 16%. Esse patamar será fruto da retirada de alguns pontos de Aécio e um pouco menos de Dilma.

Porém, um dado que ainda foi não percebido é que Marina poderá absorver os votos dos indecisos e daqueles que declararam o voto nulo nas últimas aferições de intenção. Caso essa migração de votos passe a ser válida e caia na conta de Marina, as chances dela crescem.

Vale lembrar que o PT não irá, pelo menos por enquanto, atacar Marina. O foco continuará sendo Aécio, que deve se preparar para uma avalanche de bombardeios por parte da campanha de Dilma.

O PT já temia um segundo turno. Agora, não só teme como acredita nessa possibilidade; logo, vencer no primeiro é a meta.

Um segundo turno com Aécio ou com Marina significa ter os dois como adversários e, dependendo da porcentagem de cada um, no primeiro, Dilma estaria correndo sérios riscos de não se reeleger.

Outro dado importante é que a morte de Eduardo pode ter dado nova vida ao projeto “Volta Lula”. Caso as pesquisas sinalizem para uma real possibilidade de derrota de Dilma, a pressão para que Lula entre em campo de camisa e chuteiras será enorme.

Isso causaria um desconforto tremendo dentro da base de Dilma, que é formada por um número substancial de membros apoiadores do ex-presidente.

O receio de que Marina possa dar um 'up' revolucionário nas pesquisas é forte, mas ela terá que mostrar muito mais do que uma imagem frágil de ambientalista acreana. Na hora do “vamos ver”, não haverá benevolência e a imagem de Eduardo ficará para trás.

O PSB será mais visado do que antes. Marina, que foi muito bem votada na última eleição presidencial, representa, agora, uma sigla estruturada em todo o país. Afinal, não há como comparar a sua ‘Rede’ com o PSB.

Infelizmente, foi uma tragédia que deu ao pleito eleitoral ares novos.


Daqui para a frente, é aguardar para saber como se comportará o eleitorado; este sim: o grande avaliador do pleito eleitoral de outubro.

Cláudio Andrade.

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